Skyone: IA e automação no RH além do hype

Como levar inteligência artificial e automação para dentro do RH de uma empresa de tecnologia que já vive transformação constante?

A Skyone, referência em soluções de cloud e dados, encontrou no RH um espaço estratégico para aplicar IA, ganhar eficiência e alinhar cultura. Conversamos com Deborah Lia Oliveira Araujo, Head de RH, que compartilhou como a companhia vem redesenhando processos de recrutamento, desempenho e jornada do colaborador com o apoio de IA.

O início: tecnologia e mentalidade

A Skyone já vinha trabalhando com cloud há 12 anos e, mais recentemente, estruturou produtos baseados em dados e IA. Mas Deborah destaca que a adoção vai além de ferramentas:

“Não quero só entender se a pessoa é boa tecnicamente. Quero saber o quanto ela está aberta a novas tecnologias. Somos uma empresa em transformação, precisamos de gente pronta para essa jornada.”

Por isso, a avaliação de abertura à inovação entrou no processo seletivo e segue sendo medida em pesquisas de engajamento e desempenho.

Automação no recrutamento: a história da estagiária

O maior gargalo do RH era o tempo de contratação: o SLA médio era de 54 dias. Para resolver, Deborah não pediu uma grande equipe ou consultoria externa. Ela negociou uma hora por semana do time de produto para ajudar sua estagiária de dados, que sabia Python, a construir bots internos.

“Eu disse: vocês precisam de casos de uso para o produto, e eu preciso melhorar meu processo de recrutamento. Que tal educar minha estagiária e a gente entrega junto?”

Assim nasceram dois chatbots de triagem de currículos:

• Um bot que seleciona automaticamente os melhores perfis para cada vaga e só traz mais currículos quando necessário.

• Outro que acompanha o funil até a fase final, garantindo que sempre haja candidatos de qualidade para o gestor.

O resultado veio rápido:

• SLA de recrutamento caiu de 54 para 45 dias.

• Dois vendedores já foram contratados 100% via bot.

“Eu não quero 10 psicólogos para triagem. Quero um processo padrão, rápido e que garanta fit cultural e técnico.” — Deborah

Produtividade em tempo real

Outro destaque é o uso de ferramentas de análise de produtividade integradas ao calendário e CRM.

“Não é monitoramento, é gestão. O gestor passa a ter dados para conversar com seu time, entender gargalos e apoiar desenvolvimento.”

Com ele, a Skyone consegue medir eficiência por área e até descobrir talentos escondidos: um analista que entregava muito acima da média foi promovido após dados comprovarem a sua performance.

Educação e cultura de IA

Além de aplicar IA internamente, a Skyone criou uma área de educação para clientes, oferecendo bootcamps junto aos produtos. A meta é formar mentalidade e prática:

“Se o cliente não entende como usar IA, ele automatiza o que nem deveria existir.”

Internamente, a cultura também foi adaptada:

• Modelos de carreira Y para valorizar especialistas sem gestão.

• Pesquisas de maturidade em IA baseadas em frameworks da Gartner.

• Programas de capacitação contínua em automação e dados.

Áreas mais avançadas

Segundo Deborah, operações e RH são hoje as áreas mais maduras em IA dentro da Skyone. O avanço, segundo ela, não aconteceu por acaso:

“O segredo é interesse e negociação. Precisei mostrar casos reais, ganhar aliados e envolver outras áreas no processo.”

A estratégia agora é expandir gradualmente a cultura de automação e IA para outros times, sempre conectando casos de uso reais às necessidades de negócio.

Conclusão

O case da Skyone mostra que RH pode ser protagonista na adoção de IA, mesmo sem grandes orçamentos, desde que haja visão estratégica, criatividade e colaboração entre áreas.

“Para chegar em 2029 com o resultado que queremos, precisamos de IA e automação em todas as áreas. Não dá para separar cultura de tecnologia.” — Deborah Lia Oliveira Araujo

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