IA e inovação incremental na educação: o olhar de Gillianno Mazzetto
Para Gillianno Mazzetto (Unipar), a inovação na educação precisa ser incremental e humana. Currículo repensado, professores como mentores e IA como copilot mostram que o desafio é transformar foco e criatividade em experiências acadêmicas realmente transformadoras.

September 16, 2025
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Em um momento em que a educação vive mudanças regulatórias, pressões de custo e a chegada massiva da inteligência artificial, a questão central não é mais se as instituições devem se transformar, mas como. Conversamos com Gillianno Mazzetto (Unipar) — executivo estratégico em educação, especialista em inovação, cultura e pessoas — para entender como pensar modelos curriculares mais inteligentes, o papel da regulação e o futuro da IA no ensino superior.
Da filosofia à estratégia: a trajetória de Gillianno
Formado em filosofia, doutor em psicologia e com especialização em ciência de dados, Gillianno construiu sua carreira liderando projetos de transformação em instituições de ensino. Já atuou como reitor e hoje está à frente da inovação e novos negócios na Unipar.
“Educar, na essência, é um diálogo em busca da verdade entre duas pessoas: professor e aluno. Todo o resto é glacê no bolo.” — Gillianno Mazzetto
Criatividade, foco e o desafio do currículo
Segundo Gillianno, dois problemas centrais estão instalados hoje: criatividade em declínio e falta de foco dos estudantes. O modelo tradicional, baseado em repetição, não conversa com uma geração que aprende por conexões rápidas, mas carece de repertório.
A saída, para ele, é repensar a arquitetura pedagógica:
Um currículo que atenda à média, mas permita personalização para perfis diferentes.
Atenção tanto ao aluno com dificuldades quanto ao superdotado, que muitas vezes fica à margem.
Professores cada vez mais atuando como mentores e curadores, não apenas transmissores de conteúdo.
“O meu aluno pede que sejamos uma plataforma de experiências transformadoras. Esse é o desafio.” — Gillianno Mazzetto
Regulação: crise ou oportunidade?
A portaria 506 e outras mudanças regulatórias, que exigem mais presencialidade, governança e auditabilidade no EAD, são vistas por Gillianno como um divisor de águas.
“Se eu tivesse que resumir a portaria em uma palavra, seria oportunidade.” — Gillianno Mazzetto
Ele destaca que o novo marco força qualidade, rompe a lógica puramente financeira que dominou parte do setor e valoriza instituições capazes de equilibrar capilaridade com consistência acadêmica.
O ENADE e o modelo TRI
A transição do ENADE para o modelo TRI (Teoria de Resposta ao Item) é outro ponto de atenção. Para Gillianno, as instituições precisarão incorporar esse modelo desde o primeiro ano do curso para que não seja apenas uma preparação emergencial.
“O ENADE 2025 será caótico, porque poucas instituições estão preparadas. Mas, no longo prazo, é uma oportunidade de elevar o nível.” — Gillianno Mazzetto
IA como copilot e personalização
Gillianno enxerga as LLMs (Large Language Models) como aliadas diretas do professor: úteis para validação de questões, roteirização e personalização de trajetórias de aprendizagem. Mas reforça a necessidade de critério:
“As LLMs são fantásticas como copilot, mas precisam de curadoria. Sem isso, tudo vira prego e martelo.” — Gillianno Mazzetto
Na Unipar, já existem políticas institucionais para uso de IA em sala de aula e formação docente específica para esse letramento.
Conclusão: inovação incremental
Para Gillianno, a transformação não está em adotar a tecnologia mais nova, mas em inovar incrementalmente: ajustar o currículo, dar protagonismo ao professor como mentor e usar a IA para destravar experiências mais significativas.
“Educação é cheia de modismos. A tecnologia é suporte, não solução mágica. O que transforma é o currículo, o diálogo e a experiência.” — Gillianno Mazzetto