Do hospital ao digital: IA e o EAD transformando a educação médica

Para Renata Sérgio (Afya), o EAD precisa de regulação necessária, a IA é um desafio para os docentes, e a educação médica continuada deve ser vivida como experiência prática transformadora.

Antonio Gouveia

September 16, 2025

Crescimento e receita

A educação médica passa por uma transformação intensa — da experiência híbrida impulsionada pela pandemia às novas regulações do EAD e à chegada da inteligência artificial. Conversamos com Renata Sérgio, Diretora de Ensino na VP Educação Continuada (Afya), que compartilhou como a instituição tem lidado com inovação, qualidade acadêmica e os desafios de preparar médicos em todas as fases da carreira.

Da contabilidade à liderança em educação médica

Renata construiu sua trajetória entre grandes grupos educacionais, liderando projetos de expansão e inovação. Professora, gestora e empreendedora, hoje aplica o que chama de “intraempreendedorismo”: mesmo dentro de uma grande companhia, atua como se estivesse à frente do próprio negócio.

“Eu me vejo muito mais na gestão do que na sala de aula. Aqui é CLT, mas é a minha empresa. Eu cuido como dona.” — Renata Sérgio


A pandemia e o salto digital

Renata relembra o período da pandemia como divisor de águas: em uma semana, cursos presenciais migraram para o digital. A primeira preocupação foi não deixar o aluno perder vínculo com o curso — mesmo que as soluções fossem emergenciais.

Esse movimento, no entanto, abriu caminho para novas dinâmicas, como aulas síncronas, atendimento mais automatizado e o papel de hosts em cada turma virtual, para filtrar dúvidas e dar suporte imediato.


Educação médica continuada na prática

Na Afya, o modelo vai além da teoria. Hoje, são 25 unidades exclusivas de Educação Médica Continuada, que funcionam como clínicas-escola: salas de aula integradas a ambulatórios do SUS, onde médicos em pós-graduação atendem pacientes reais sob supervisão.

“O médico precisa viver o atendimento real desde cedo. É aprendizado, mas também é serviço de saúde.” — Renata Sérgio

Esse formato aproxima a experiência da residência médica, mas com uma proposta premium que conecta ensino, prática e ambição profissional.


Regulação do EAD: o papel da portaria 506

Renata reconhece que a regulação do EAD trouxe dores, mas era inevitável:

“Na pandemia, cada instituição fez do seu jeito. O marco regulatório era necessário para profissionalizar e equalizar a entrega da educação.” — Renata Sérgio

Ela reforça que, embora a portaria seja mais voltada para a graduação, a pós-graduação segue com autonomia maior — o que explica a diversidade (e desigualdade) de ofertas no mercado.


IA: motor de mudança e alerta de comodismo

Para Renata, a IA não é hype, mas um dos motores centrais da economia contemporânea. Dentro da Afya, já há squads dedicados e parcerias estratégicas, mas ainda falta transbordar o uso para todos os níveis.

“IA é um caminho sem volta. Não tem como trabalhar em um mundo corporativo dinâmico sem ela.” — Renata Sérgio

Ao mesmo tempo, ela deixa um alerta: o uso irrefletido pode estimular comodismo intelectual. A missão é formar docentes e estudantes para usar a tecnologia com criticidade.


Conclusão: necessária e desafiadora

No final do papo, resumimos com Renata duas percepções-chave:

  • A portaria 506, que regula o EAD, é necessária.

  • A IA, especialmente no uso docente, é um desafio.

Duas palavras que traduzem bem o momento atual: rigor para garantir qualidade e abertura para inovar com equilíbrio.

“Educação não tem volta: EAD, presencial, híbrido, tudo precisa de qualidade. E a IA pode ser motor de mudança — desde que não tire de nós a capacidade de pensar.” — Renata Sérgio

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